segunda-feira, novembro 29, 2010

Escrever

A gente se acha dono do que os outros escrevem. Tem poeta que escreve tudo inspirado no que eu penso. Ou eu sou prepotente e me acho ser dona do que eles escrevem ou, de alguma forma, o que eles pensam também passa pela minha cabeça. Será que quem escreve tem a mente ligada com todos os escritores também? Será que existe telepatia entre os escritores e poetas?
Toda vez que leio algo que me cabe não hesito em usar e fazer as palavras morarem em mim. Alguns versos alugam meu peito por grandes temporadas. Nem me consultam se podem se mudar. Eles entram e ficam ecoando o tempo todo dentro do meu peito. Tem verso que até me tira o sossego. Tem outros que me inquietam até encontrar o significado dentro de mim. Sei lá, também devo morar nesse lugar dos pensamentos dos poetas.
Escrever é ação muito responsável. Você não usa só o que vem de dentro de você, mas pega emprestado os sentimentos dos outros também. É inevitável. Todas as palavras que se juntam são algo interno, mas que ecoa externamente e dentro de outras pessoas também. Nenhum poeta ou escritor pode fugir dessa sina. Sentir e escrever com a responsabilidade de seus versos também morarem no peito de outro alguém.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Até parece devaneio

Vamos fugir, viajar, sair desse lugar... Um abraço e só. Silêncio e só o barulho do vento nas árvores, das folhas caindo no chão. São muitos segredos ditos no silêncio dos abraços. Quem não escuta não consegue fugir.
Mãos geladas, nuca quente. O calor que eu guardo dentro do bolso da tua camisa e o frio nos botões do meu vestido. Os cabelos são dourados, se esvoaçam no vento e brilham com o sol. As palavras que digo não espalho. Tudo o que sinto tem nome de cidade invisível e tudo o que invento são os prédios, edifícios, casas, lajotas, calçadas dessa cidade. Se quiser, te mostro esse lugar, mas é preciso se desprender e fechar os olhos. Tem que confiar, só dizer que sim. Tem que ter coragem e não fugir. Possuo monstros traiçoeiros e fadas doces. Não tenho rancor, orgulho. Eu tenho amor, mas é preciso ter coragem pra aceitar. Tem gente que foge e tem gente que vive sem estar junto. Tem quem se engana. Quem é você afinal?

segunda-feira, setembro 13, 2010

Feriados íntimos

Tenho meus próprios feriados. Não faço folga mas passo o dia comemorando com a maior festa dentro de mim. Me embriago de boas lembranças e esperanças de futuro tão bom quanto o festejo do meu feriado.
Comemoro o dia dos sinos e do maior enxame de borboletas que já tive na barriga em todos os novembros de todos os anos. Também comemoro o dia dos olhares em todos os setembros e maios e dias 4, de todos os meses. Os dias 23 tem o gosto de aniversário e o dias 10 dos outubros tem algum significado que até hoje ainda não descobri qual é.
Se for festar ou se for só comemorar com um abraço só pra mim, não me importo. Os feriados são meus e não preciso espalhar pra ninguém. Às vezes sou meio egoísta com essas coisas, mas é complicado explicar algo que só faz sentido dentro de mim.

sexta-feira, setembro 03, 2010

Acalento

Como eu poderia saber que algo tão simples me iluminaria tanto o coração? Que conhecendo só um pouquinho daquilo que vive dentro de mim me deixaria tão feliz e tranquila? Então eu agradeço e continuo estudando. Quem sabe um dia eu chego lá, né?

quarta-feira, agosto 18, 2010

Precisar

Parece que eu preciso de coisas que nem nome sei dar. Até coisas que sei. Cortinas, luminárias, luas, estrelas, sóis. Do que mais eu preciso pra preencher a parte vazia do meu coração? Fotografias, sons, sorrisos, palavras, poemas. Que mais? Uma mão, um abraço, um beijo e um tchau, uma certeza e um talvez... tapetes, travesseiros, almofadas. Uma pilha de risadas e sentimentos matutinos, cheios de luz do sol nascendo e entrando no meu quarto. Preciso de uma noite de conversa pra ter dias de sol silenciosos e entendíveis. Preciso de muitas coisas e preciso de você. Vou entender teu talvez, tua grosseria. Mas vou torcer pra que não seja assim, só pra que seja bom. Quantas coisas mais eu preciso pra preencher esse vazio? Se eu for, você vai comigo? Preciso de tempo e preciso de.

terça-feira, agosto 10, 2010

Músicas de coração

O telefone toca. - Gabriela, estou aqui na biblioteca. Pode vir me ver? - Claro, já vou.
Papo vai, papo vem. Conversas soltas, olhares, carinhos amigáveis ou mais. Sorrisos, revistas, livros, comentários sobre política, futebol, arte.
Hora de ir.
Um abraço mais apertado que o normal, um beijo no rosto e, espera, tenho uma coisa pra ti. Um CD com músicas lindas, presente mesmo que só se faz de coração.
Sinto falta de certos olhares, mas ouço as músicas sempre e com muito carinho.
Desculpa ter te magoado. Vai ver o tempo sabe mesmo o que faz.

quinta-feira, agosto 05, 2010

Pensamento clandestino

Quem é o que eu já perdi em mim também é um eu que pegou as malas e foi morar fora, em outro corpo ou em outra cabeça cheia de pensamentos que poderiam ser meus.
Quem consegue morar na mente de outro alguém, sendo a própria pessoa, é quase um clandestino que não soube livrar-se o suficiente do país que era seu próprio dono, se é que se é dono de algo, alguém, pensamentos, ideias. Tudo são inspirações. Talvez você leia os mesmos livros que eu, as mesmas poesias. Tenha até um olhar parecido pras coisas ou pra o que quiser que seja. Não sei quem eu sou quando não moro em mim, mas sei quem é você quando me recebe nesse país que é de ninguém. Se eu conseguisse contar tudo o que vejo quando não estou em mim...

segunda-feira, julho 12, 2010

Amo, amei.

Certa vez tentei dar todo o amor do mundo pra alguém. Inventei pretextos, contei histórias, ouvi outras. Ficava olhando como que hipnotizada, escutando as palavras bem empregadas que esse amor usava quando falava comigo. Mas pena, ele não soube receber. O problema é que tive que engolir esse amor assim, no seco, sem nem um copo d'água pra ajudar a descer. Foi difícil. Criei um problema estomacal, e depois desse, um outro amor que tentou chegar nem mastigado foi. Tentei com todas as forças sentir um gosto diferente, mas não adiantou, acabou sendo um 'não-amor'. Algo sem gosto, sem sal, sem açúcar. Só ácido e amargo vez ou outra. Não criou raízes em mim... não floresceu. Esse não-amor secou, virou pó, sumiu.
Antes desses tive um outro, um de olhos amáveis. Este me olhava de um jeito mais puro, mais ingênuo. Deve ser porque éramos tão mais jovens. Aquela coisa de primeiro amor, de primeiro beijo. Nos dávamos bem. Saíamos juntos, às vezes, em segredo. Trocamos cartas, olhares, segredos, telefonemas rápidos, carinhos na palma da mãos e, eu sei, até uma traição. De qualquer forma ambos mudamos muitas coisas por culpa do outro. Ele trocou as escolhas e eu, que fiquei com o lado mais sensível, mesmo assim o machuquei. Esse foi o amor que eu tive, não soube receber e quebrei. Hoje em dia só posso ver aquele olhar amável pelo lado de fora, torcendo pra que tudo dê certo, pra que tudo se encaixe e ele seja realmente feliz. Desejo as coisas boas do fundo do meu coração e sinceramente.
E por mais que me doa ou perturbem a minha paz, ainda assim, sou fiel a esses amores. Talvez seja fiel a outros também. "Talvez" não, eu sou. Mas hoje lembrei desses dois com mais carinho, com um pouquinho de dor, acho que porque ficaram mal acabados ou mal resolvidos. Não sei se pra eles, mas pra mim parece que sim. De todo modo, não me importa mais. O tempo já passou e a vida já seguiu. Pra onde a vida vai me levar eu não sei, mas sei que continuarei sendo fiel, afinal, o que seria de mim sem o amor?

quarta-feira, julho 07, 2010

Voo

- Longe - Força - Medo -
- Felicidade - Desespero - Frio na barriga -
- Calor - Vento - Respiração -
- Voar -


(E qualquer outro sentimento que o meu vocabulário não conhece...)

domingo, julho 04, 2010

Nome

Sonhei que falando contigo chamava teu nome e me soava tão doce. Você que continua me fazendo bem e morando no loteamento do meu coração. Seus olhos de estrela ainda brilham nas noites do meu céu.

quarta-feira, junho 09, 2010

Contrária

Tenho uns dias dentro dos meus dias que eu fico um pouco rude com as pessoas, meio sem paciência pra quase nada. Mas isso não é culpa de ninguém, é só culpa das palavras, que guardo. Elas fazem festa dentro de mim. Viram poesia o tempo todo e querem que eu preste atenção apenas nelas. Acho que é uma pequena vingança, porque na maior parte do tempo eu as ignoro e vivo mais externamente. Palavras podem ser muito ciumentas e geniosas. Quando te querem, não há quem consiga desprezar. Dentro de mim elas cantam, falam de carinhos, de dias de sol, de chuva na janela e toda sorte de coisas que pareçam poéticas aos meus olhos. Não sei se eu sou dona das palavras ou se elas me dominam. É um grande mistério nessa vida de dias rudes por fora mas extremamente doces e suaves por dentro.

segunda-feira, maio 24, 2010

Hai-kai

Barriga borboletante
E mãos inquietas pra lembrar que
O amor é amar

segunda-feira, maio 17, 2010

O rio atrás dos olhos

Eu sinto que eu tenho um rio inteiro de lágrimas pra chorar, mas não tenho coragem de pedir pra algum ombro me segurar, porque eu sei que é chato ficar de choramingos. Então sabe o que eu faço? Eu fujo. Fujo e seguro tudo o que for nó apertando na garganta e não conto nada do que sinto pra ninguém, só pra mim e só nos suspiros pesados que meu pulmão dá antes de dormir. Converso com o anjos por sonho e depois no outro dia o rio ainda está lá, pronto pra estourar a barragem de nós que o segura. Então será que eu sou o quê? Uma boba que procura nem sabe o quê e que foge dos ombros que podiam aliviar a cheia desse rio?


Por onde?

"Por onde é que se começa a viver e a ser feliz?"

quinta-feira, maio 06, 2010

Poeminha perdido

Vagando por aí, pelo mundo
Por qualquer ou nenhum lugar
A gente se esconde de quem?
A gente se perde porque?
E como, onde a gente se encontra?
Por onde a gente anda que é tão difícil de encontrar?
Como se perder se a gente nem sabe onde está...
E se a gente nem sabe porque está, porque se procurar?
Pra que querer se encontrar?
Quem explica?
Quem já se encontrou
ou quem na vida anda perdido,
Como eu, como nós, como todos?
Onde eu estou eu não sei
Quando eu sou eu não sei
Eu só sei que ando perdida, mas por onde e como quem?

quinta-feira, abril 15, 2010

Uns três anos de "pra sempre"

"Teus olhos querem me levar
Eu só quero que você me leve
Eu ouço as estrelas conspirando contra mim
Eu sei que as plantas me vigiam do jardim
As luzes querem me ofuscar
eu só quero que essa luz me cegue..."
(Nem 5 minutos guardados - Titãs)

Quero te ver, falar contigo. Entender porque quando tu chegas perto fica sem jeito, sem ação. Se atropela nas palavras, me olha por baixo, como quem se reprime do que está fazendo. Porque ficas paralisado e depois não sabe nem onde colocar as mãos. Porque tu finges não sorrir quando eu sei que estás sorrindo quando me vê, assim de passagem.
Não tenho mais aquela ilusão que tinha durante os três anos em que eu tive você. Que depois tentei ter outros, mas ainda assim, secretamente, apesar de te negar, queria ter as tuas faltas de jeito, andar contigo pela noite, de mãos dadas, em segredo. Perguntar se teu coração era só meu ou se tu ainda tentavas me preencher com outra Gabriela qualquer.
Será que tu ainda guardas aquelas sensações? E o "te amo pra sempre", será que ainda vale ou o sempre já acabou? Eu ainda guardo a sensação de esperar pelas tuas palavras pra depois te mandar as minhas. A sensação de te olhar em segredo e ser reprovada pelos outros. E depois quando já podia te abraçar e sentir tuas mãos ásperas segurando as minhas. E ver teus olhos me olhando com aquele ar apaixonado, de quem sente um tudo, mas tem medo de ser reprovado.
O teu amor eu não guardo na palma da mão. Eu guardo junto com palavras antigas e viciadas que recebia. Lá com bilhetes trocados em sala de aula, com assuntos infantis sobre desenhos japoneses, com pequenos presentes que recebia. Tenho as fotos e até o mesmo cheiro nas tuas palavras.
Mas eu preciso conversar contigo, saber ao certo o que é e te deixar seguir pra seguir ainda mais livre o meu caminho e te dizer que o meu pra sempre se transformou e que eu te quero tanto bem.

domingo, abril 11, 2010

Viver

"Eu quero viver;
viver de verdade mesmo.
Viver pra valer."

segunda-feira, março 08, 2010

Ah, essa liberdade de criar...

Poucas pessoas tem a capacidade de me causar curiosidade e vontade de saber e contar as minhas próprias ideias. Quando encontro alguma dessas pessoas fico endoidecida. Quero falar muito, contar meus planos, ideias, lapsos criativos ou qualquer bobagem que venha à minha mente. Quero dividir e dar um pouco da minha criatividade ao que a outra pessoa inventa. Mas vou admitir, fico tímida, com medo ou receio que me menosprezem, que rejeitem minhas invenções ou sejam sarcásticos com a minha imaginação fértil e meu coração geralmente ingênuo em relação às atitudes das pessoas. Uma das características que admiro nessas poucas pessoas é a capacidade inventiva e a ousadia ou coragem para realmente expressar o que sentem, o que querem inventar, falar, criar.
Talvez o que eu tenha seja uma excessiva auto-piedade, mesmo sabendo o quanto eu tento me desprender desses medos. Quem sabe um dia, quando estiver longe e, aí então, mais perto de mim, eu assuma minhas ideias mesmo que pareçam bobas aos olhos alheios ou até aos meus próprios olhos. Onde será que estão esses dias que eu procuro? Quando será que eles estão?
Essas poucas pessoas me fazem ficar mais perto desses dias que procuro. Pena que elas sejam tão poucas, pena muitas delas morarem distantes e pena não conseguir enxergar com clareza as que estão mais próximas a mim.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Das cidades invisíveis


Eu moro em Valdrada, mas isso não é verdade. Também não é mentira. Eu moro em Turvo, sul de Santa Catarina, o que também não é mentira, mas que com certeza não é uma verdade. Escolhi Valdrada porque é cidade que se reflete. Ela é cidade invisível, criada pelo Italo Calvino, mas eu me sinto muito mais moradora de lá do que dessa cidade onde moro e não vivo. Não é viver no sonho ou na fantasia, mas escolher onde se quer viver e antes de estar onde vai ser o meu lugar, preferir deixar o ar da minha respiração numa cidade que nem existe de verdade.
Mas acontece que encontrei o mapa das cidades invisíveis, as mesmas que o Italo inventou e pra onde Marco Polo decidiu viajar, conhecer e descrever para o imperador Kublai Khan das belezas ou não desses lugares inventados.
A cidade onde eu moro não é ruim. É tranquila, não tem violência, dá pra dormir com a janela do quarto aberta que ninguém entra... Mas mesmo assim não gosto daqui. Não por ser um lugar pequeno, mas por ser um lugar que não cresce dentro de mim. É a cidade da minha infância e da minha adolescência, não quero que seja da minha vida adulta. E tenho meus motivos, mas nenhum que colocasse aqui explicaria meu sentimento.
Dentro de mim tem uma pergunta que nunca se cala: "Qual será minha Valdrada?".

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

De ser feliz

"Tenho uma vontade de ser feliz tão grande que nem sei como me cabe."

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Amor maior do mundo - parte 1

Apesar de me incomodar um pouco, eu gosto quando ele me espia pela janela, ou pára na minha frente e fica me observando. É tanto amor que sai daqueles olhos que me emocionam, então geralmente eu saio de perto pra não derreter meu olhar fugitivo em lágrimas.
Nunca vou entender pra quê ser tão durona. Deveria ser mais fácil abraçar, dar um beijo e dizer "te amo" pra uma das pessoas mais importantes que se tem na vida. Mas deve ser meu modo de mostrar amor, o mesmo que ele usa quando só me observa e não fala nada. Ou quando ele conta da infância dele, dos pais dele, dos irmãos, da dificuldade na adolescência... sei lá. Me dá raiva de saber que ele sofreu tanto pra chegar onde chegou.
Eu admito que às vezes até fico chateada, mas é meu ego enorme que não me deixa entender o que eu sei que de melhor ele quer pra mim. Deve ser difícil também pra ele, querer dizer alguma coisa e nem conseguir. Eu entendo que é complicado, assim como é complicado pra mim. Devo é ter orgulho por ter puxado a ele esse lado mais fechado. Se falar, choro. Então eu olho um pouquinho, espio quando está dormindo e mesmo assim reclamo quando ele faz bagunça. Mas é tudo amor. É tudo o amor maior do mundo.